Gosto muito de
usar coco em minhas receitas, seja ralado, em fitas, em forma de leite, farinha
e por ai afora. De sabor adocicado confere um toque especial aos pratos, porém
sua casca se mostrava um verdadeiro desafio.
Sem muito saber
como lidar com ela optava por comprá-lo descascado, chegando a pagar quase cinco
vezes mais que o preço com casca. Inventava mil desculpas para não ter que
lidar com ela, desfiando justificativas para aquele gasto extra.
Até que um
aluno ao qual dou aulas de culinária me explicou como retirar sua carapaça,
enviou um vídeo com o passo a passo, e a cada nova aula me perguntava se tinha
conseguido.
Eu nem cogitei
em olhar o vídeo, muito menos abrir o coco, e aula após aula respondia preferir o fruto descascado, bem mais prático.
Porém ele
insistia, mal chegava em sua casa e lá vinha a tal pergunta: “E ai conseguiu?”.
Eu respirava fundo, sorria contrariada e pensava: “Que cara chato, será que não
dá pra me deixar em paz?”, “Larga do meu pé jacaré e vamos cozinhar!”.
Porque estaria
eu tão irritada? Porque não tentava abrir o coco? Essas perguntinhas quando
surgem me fazem ver tanta coisa que fiquei até arrepiada só de pensar onde iriam
me levar.
Mesmo assim pulei de cabeça
pra saber o que aconteceria. Neste instante me vi com uma mão na cintura, um dedo
apontado, batendo o pé e dizendo: “Você não consegue.”
Fala sério! Vou
acreditar nesse papo ou encarar o desafio? Enchi o peito, peguei a bolsa e fui
pro mercado. Comprei dois cocos, não iria abrir apenas um, mas sim dois!
Fui lembrando
das dicas de meu aluno, lavei os cocos e os levei ao freezer. Depois de umas
duas horas retirei um coco e com uma chave de fenda e um martelo fiz dois furos
em seus olhinhos. Deixei virado sobre um copo, para que sua água escorresse enquanto
descongelava, e aguardei.
Eu estava
tranquila, toda confiante, até que a tal figurinha resolve aparecer de novo, só
que agora era menorzinha, mas ainda insistindo: “Você não consegue ir além
disso.”
Já tinha
chegado até ali e não conseguiria ir além? Com um sopro vindo das entranhas
dissolvi o fantasminha. Eu vou conseguir!
Observando o
copo cheio de água, peguei o martelo com uma mão e na outra segurei o coco. A
cada martelada dizia: ”Sim, eu posso”, “Sim, eu consigo.”, “Sim, eu faço.”. Sim, sim, sim.
Com um sim atrás do outro a casca foi rompendo,
se desprendendo da polpa, e eu martelando sorria, Sim. A essência do fruto
estava em minhas mãos e liberta de sua carapaça me chamava a apreciar o sabor
da conquista, da liberdade.
Eu bebia sua
água absorvendo o néctar do sucesso, mordiscava a polpa adocicada com notas de
poder e era preenchida com uma única verdade:
Sim, eu tudo
posso naquele que me fortalece!!!
Repleta por
essa força que me preenche eu agradeço a este aluno que se revelou um mestre em
meu caminho.
Beijo doce
Anah Locoselli
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