Vou contar para você que desde criança não
gostava de comer carne, e quando falo isso estou dizendo todos os tipos de
carne.
Já pode imaginar a cara de horror da minha
mãe, que acreditando ser necessário este alimento para meu crescimento me
obrigava a comer dizendo: “Enquanto não comer tudo não pode sair da mesa”. Ai você pode imaginar a minha cara de pavor!
Cada refeição era um verdadeiro sofrimento,
onde Eu ficava a revirar o prato, os olhos, o estômago. Sentar à mesa reunia a
família, era gostoso, um falatório, uma alegria, mas todo mundo acabava, e podia seguir no seu
dia, Eu tinha que permanecer ali, sozinha, no silêncio, com aquela carne, algo completamente
assustador. O tempo passava e ela ia
ficando gelada, dura, cada vez mais ruim. Algumas vezes engolia sem mastigar,
simplesmente botando pra dentro com direito a todo tipo de ânsia, que Eu
engolia junto, outras meu grande salvador aparecia o “Super Dog”.
Aquilo tudo era desafiante, difícil de pensar
em gostar, ainda mais quando ia ao açougue e podia ver aquelas carnes
penduradas, as pernas de boi que chegavam e abasteciam o estabelecimento, tudo vermelho, cor e cheiro de sangue, nada apetecível.
O frango era outra história, comprado na
avícola, fresquinho, vivinho, ai você escolhia o mais bonitinho e eles matavam
na hora pra poder levar pra casa.
Fala sério!!!! Eu queria passar longe, muito
canibalismo pra minha cabeça. Esse dia era tenebroso, quando chegava à mesa
aquele franguinho Eu só tinha olhos pra suas veias, lembrando do seu sangue e
querendo fugir dali.
Com o peixe não era muito diferente. Seu
Pedro, o peixeiro, passava toda quarta feira pela rua à vender o seu pescado. Um
homem pequeno, de olhos azuis, tranqüilo, amoroso, até pegar sua faca e começar
a limpar o peixe. Era muito habilidoso, sua mão deslizava suavemente destroçando
o coitado do peixe.
Fica parecendo filme de horror, mas era pura
realidade. Pense como era sentar à mesa nesse dia, Eu queria mais que as
quartas feiras não existissem, ou que o Seu Pedro não aparecesse.
Agora o que era bom e enchia os olhos e
a boca d’água, era quando Seu Genésio chegava com sua jardineira verde cheia de
frutas e legumes. Um sitiante italiano, falante, alegre, uma grande festa que envolvia
a vizinhança e preenchia de sabor a dispensa lá de casa.
Já dá pra sentir do que Eu gostava, mas optei por seguir o ritmo da família, não queria perder tempo sentada na mesa, Eu queria brincar, então resolvi engolir.
Eu estava começando a me tornar um Ser adaptado, que se deixava ser conduzido simplesmente por uma questão de comodidade comendo e alimentando o que era melhor para o outro, me deixando ali bem escondidinha, com o nó na garganta.
O INSGHT - parte 9
O processo de adaptação foi tão intenso que mesmo adulta, fora de casa, continuava a comer carne sem tanta resistência, algo meio piloto automático, como se tivesse sido adestrada para aquele movimento. Segui nesse padrão até a tal crise chegar e me convidar a olhar para mim. O caminho era sentar e meditar, indo de encontro aos meus medos, e desejos. O hábito de meditar
Leia mais >
O processo de adaptação foi tão intenso que mesmo adulta, fora de casa, continuava a comer carne sem tanta resistência, algo meio piloto automático, como se tivesse sido adestrada para aquele movimento. Segui nesse padrão até a tal crise chegar e me convidar a olhar para mim. O caminho era sentar e meditar, indo de encontro aos meus medos, e desejos. O hábito de meditar
Leia mais >
O CONVITE - parte 7
Comecei a me sentir mais leve, plena, pronta para seguir em busca do que Eu realmente queria fazer, do que me encantava, me fazia sorrir. O caminho só estava começando e Eu continuava querendo ver tudo resolvido, ainda não sabia para onde ir, o que fazer, mas uma grande dúvida pairava sobre minha cabeça: "O que você vai comer agora?"
Leia mais >
Comecei a me sentir mais leve, plena, pronta para seguir em busca do que Eu realmente queria fazer, do que me encantava, me fazia sorrir. O caminho só estava começando e Eu continuava querendo ver tudo resolvido, ainda não sabia para onde ir, o que fazer, mas uma grande dúvida pairava sobre minha cabeça: "O que você vai comer agora?"
Leia mais >
Nenhum comentário:
Postar um comentário