segunda-feira, 3 de abril de 2017

MEU FILHO, MEU MESTRE



Sábado teve festa em casa, foi dia de celebrar os vinte e um anos daquele que fez minha barriga crescer, meu nariz engordar.

Gabriel, ganhou nome de anjo, cresceu, criou asas e está pronto para voar.

Curioso e questionador muito me ensinou com suas perguntas sem fim, me levou a querer saber, investigar, descobrir, sentir.

Habilidoso do jeito que é por vezes me deixou vermelha, com cabelo arrepiado, tremendo igual vara verde. Sabia exatamente como me tirar do sério.

E do mesmo jeito que provocava o pior em mim, fazia meu peito sorrir agradecido por ser sua mãe.

Ainda lembro do dia em que espalhou os brinquedos em seu quarto e se recusou a recolhê-los. Cansada de pedir, gritar, esbravejar, o coloquei de castigo dentro do berço e segui para sala. Sentada sobre o sofá conversava com seu pai quando de repente surgiu em seu pijama azul, arrastando um pano pelo chão, olhando nos olhos e dizendo: “Acabou o castigo”

Naquele instante reconheci o quanto era grande aquele menino de quase dois anos. Dono de suas vontades não hesitava em se expressar, dizendo que seus brinquedos moravam no chão do quarto, que na caixa se sentiam presos, não conseguiam respirar, não podiam viver.

Engolindo a culpa o acolhi em meus braços pedindo perdão. O castigo acabou e nunca mais voltou àquela casa. Eu aprendi a lidar com minha rigidez, intransigência, minha porção perfeccionista enquanto tropeçava em um carrinho ou avistava os lápis esparramados.

A casa estava viva e eu também podia ser livre para viver.

Me senti pronta para deixar de lado os livros e revistas que lia em busca de ensinamentos e passei a me aventurar na descoberta de como lidar com a maternidade. Mesmo temendo errar optei por escrever minha história, me deixando guiar pela voz do coração.

Reconheço neste, a quem chamo de filho, um grande mestre que me estimula com um tanto de desafios a viver minha história, a ser leal comigo mesma, a respeitar e acolher o outro como é.

Para o aniversário, um bolo recheado de gratidão por tê-lo como filho, coberto com amor de mãe e confeitado com as imperfeições desta mãe que ousou seguir o coração. 

Beijo doce

Anah Locoselli

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