sexta-feira, 4 de novembro de 2016

COMO TIRAR A CASCA DO COCO


Gosto muito de usar coco em minhas receitas, seja ralado, em fitas, em forma de leite, farinha e por ai afora. De sabor adocicado confere um toque especial aos pratos, porém sua casca se mostrava um verdadeiro desafio.

Sem muito saber como lidar com ela optava por comprá-lo descascado, chegando a pagar quase cinco vezes mais que o preço com casca. Inventava mil desculpas para não ter que lidar com ela, desfiando justificativas para aquele gasto extra.

Até que um aluno ao qual dou aulas de culinária me explicou como retirar sua carapaça, enviou um vídeo com o passo a passo, e a cada nova aula me perguntava se tinha conseguido.

Eu nem cogitei em olhar o vídeo, muito menos abrir o coco, e aula após aula respondia preferir o fruto descascado, bem mais prático.

Porém ele insistia, mal chegava em sua casa e lá vinha a tal pergunta: “E ai conseguiu?”. Eu respirava fundo, sorria contrariada e pensava: “Que cara chato, será que não dá pra me deixar em paz?”, “Larga do meu pé jacaré e vamos cozinhar!”.

Porque estaria eu tão irritada? Porque não tentava abrir o coco? Essas perguntinhas quando surgem me fazem ver tanta coisa que fiquei até arrepiada só de pensar onde iriam me levar.

Mesmo assim pulei de cabeça pra saber o que aconteceria. Neste instante me vi com uma mão na cintura, um dedo apontado, batendo o pé e dizendo: “Você não consegue.”

Fala sério! Vou acreditar nesse papo ou encarar o desafio? Enchi o peito, peguei a bolsa e fui pro mercado. Comprei dois cocos, não iria abrir apenas um, mas sim dois!

Fui lembrando das dicas de meu aluno, lavei os cocos e os levei ao freezer. Depois de umas duas horas retirei um coco e com uma chave de fenda e um martelo fiz dois furos em seus olhinhos. Deixei virado sobre um copo, para que sua água escorresse enquanto descongelava, e aguardei.

Eu estava tranquila, toda confiante, até que a tal figurinha resolve aparecer de novo, só que agora era menorzinha, mas ainda insistindo: “Você não consegue ir além disso.”

Já tinha chegado até ali e não conseguiria ir além? Com um sopro vindo das entranhas dissolvi o fantasminha. Eu vou conseguir!

Observando o copo cheio de água, peguei o martelo com uma mão e na outra segurei o coco. A cada martelada dizia: ”Sim, eu posso”, “Sim, eu consigo.”, “Sim, eu faço.”. Sim, sim, sim.

Com um sim atrás do outro a casca foi rompendo, se desprendendo da polpa, e eu martelando sorria, Sim. A essência do fruto estava em minhas mãos e liberta de sua carapaça me chamava a apreciar o sabor da conquista, da liberdade.

Eu bebia sua água absorvendo o néctar do sucesso, mordiscava a polpa adocicada com notas de poder e era preenchida com uma única verdade:

Sim, eu tudo posso naquele que me fortalece!!!

Repleta por essa força que me preenche eu agradeço a este aluno que se revelou um mestre em meu caminho.


Beijo doce

Anah Locoselli

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